quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A Primeira Carta Mensal - Janeiro de 2011

Tournay, 26 de dezembro de 2010.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Desde 1968, os papas têm consagrado o dia 1º de janeiro como “Dia Mundial da Paz”: através de uma mensagem própria sinalizam para as Igrejas e à humanidade um ponto concreto a ser enfocado na busca da concretização da paz. Este ano de 2011, o Papa Bento XVI escolheu o tema: “Liberdade religiosa, caminho da paz”. Isto porque muitas comunidades cristãs, especialmente no Oriente, sofrem perseguição por causa da fé. Entre estes acontecimentos, situa-se o atentado na Catedral siro-católica de Bagdá, no Iraque, em 31 de outubro de 2010, quando morreram dois sacerdotes e mais de cinqüenta fiéis. A estas situações extremas somam-se também outras “formas mais silenciosas e sofisticadas de preconceito e oposição contra crentes e os símbolos religiosos” (nº 1).
Para o papa, a especificidade da pessoa humana se exprime na liberdade religiosa, “que, por ela, pode orientar a vida pessoal e social para Deus” (nº 1). “Toda pessoa é titular do direito sagrado a uma vida íntegra, também do ponto de vista espiritual” (nº 2). A “capacidade de transcender a própria materialidade e buscar a verdade há ser reconhecida como um bem universal, indispensável na construção duma sociedade orientada para a realização e a plenitude do homem” (nº 2).
            Após refletir sobre vários aspectos do tema, o papa conclui, afirmando que “o mundo tem necessidade de Deus; tem necessidade de valores éticos e espirituais e compartilhados, e a religião pode oferecer uma contribuição preciosa na sua busca, para a construção de uma ordem social justa e pacífica a nível nacional e internacional” (nº 15). E enfatiza o papa: “A paz é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, um projeto a realizar, nunca totalmente cumprido. Uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz, que não é simples ausência de guerra, nem mero fruto do predomínio militar ou econômico, e menos ainda de astúcias enganadoras ou de hábeis manipulações. Pelo contrário, a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada” (nº 15).
            Estas últimas reflexões nos convidam – a nós que temos a graça de viver nossa fé de uma forma mais ou menos tranqüila – a “prestar ouvidos à própria voz interior, para encontrar em Deus a referência estável para a conquista de uma liberdade autêntica, a força inesgotável para orientar o mundo com um espírito novo” (nº 15). Afinal, se somos convidados a rezar pela liberdade religiosa, e se a oração é, sobretudo, um modo de ser, o mais importante é fazer esta experiência do religioso que nos liberta. A liberdade religiosa assume, assim, a dimensão do “religar-se” – de onde vem a palavra religião –, isto é, conectar-se a um sentido absoluto. Sentido absoluto que para nós, cristãos, mais que uma força ou uma energia, é uma pessoa: Jesus Cristo, o Deus que se fez humano em Belém.
            Renovando nossa dimensão espiritual mais profunda e constituindo-nos como uma rede de orantes pela paz, reservemos um momento da nossa jornada deste 1º de janeiro para um momento de silêncio e oração. Rezemos assim:
            Ó Deus, tu colocaste no mais profundo de nós a tua energia divina. Dá-nos, por tua graça, poder fazer crescer e florir nossa vida espiritual. Nós te pedimos, especialmente, por todos que, por causa de sua fé, padecem violências e intolerâncias. Engaja todos os homens e mulheres de boa vontade a renovarem seu compromisso pela construção de um mundo onde todos sejam livres para professar a sua própria religião e viver o seu amor a Deus com todo o coração: assim a terra que criaste viverá em plena paz. Isto te pedimos por Jesus, teu Filho, que se fez humano para nos divinizar, Deus contigo, na unidade do Espírito Santo. Amém!
            Feliz Ano Novo!
            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

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