segunda-feira, 6 de junho de 2011

Carta Mensal - Junho de 2011

Tournay, 30 de maio de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Pela internet, tenho acompanhado o debate nacional em relação à adoção de uma legislação, denominada popularmente “lei da palmada”, para proibir os pais de abusarem fisicamente das crianças. No mês de maio, a rainha Sílvia da Suécia e a apresentadora Xuxa Meneghel participaram de um debate na Câmara Federal, que designou uma comissão especial para analisar a proposta, já adotada pelos suecos desde 1979. Neste mesmo mês de maio, o papa Bento XVI anunciou o tema para a celebração da próxima Jornada Mundial da Paz de 2021 : «Educar os Jovens à Justiça e à Paz». Assim, motivado por estes acontecimentos, quero convidá-los, neste mês de junho, para rezar por nossas famílias, por todas as famílias, para que sejam espaços de paz e de não-violência!
Sem dúvida nenhuma, todos nós somos devedores a nossas famílias por tudo o que elas nos proporcionaram em relação à nossa socialização. Muitos dos valores que temos, nós os recebemos desde o nosso berço. Mas nós sabemos também que, hoje, por diversas razões e fatores, muitas famílias estão sendo atingidas por várias formas de violência e desestruturação. E que muitas famílias, por vezes inconscientemente, junto com os bons valores, transmitem também valores contrários à paz e à violência. Para usar uma imagem do Evangelho, a boa semente mistura-se com o joio. E nossas famílias, como todas as outras instâncias de nossa sociedade – como a escola, os meios de comunicação, a esfera política, as entidades religiosas, etc. - não escapam da ambiguidade que as caracterizam: de contribuir ao mesmo tempo, ora para uma cultura de paz, ora para uma cultura de violência.
Como gostaríamos que nossas famílias pudessem assumir, de forma mais explícita, valores da cultura de paz, como a resolução não-violenta de conflitos, ajudando seus membros a descobrir a força da palavra e do diálogo, ao invés de reagirem aos conflitos ou com violência ou com resignação. Ou, então, que nossas famílias descobrissem a importância de uma educação da agressividade, ajudando as pessoas a descobrirem formas construtivas de canalizar suas energias. Ou, ainda, que nossos famílias aprendessem a impor limites sem violência: atualmente muitos veem estes dois elementos como opostos. Sem esquecer que elas poderiam nos ajudar mais fortemente a ultrapassarmos os preconceitos e estereótipos, alargando em nós o sentido de uma única e mesma família humana. Enfim, que elas pudessem contribuir mais resolutamente para que as novas gerações possam fazer a experiência dos valores de uma cultura de paz nas mil e uma ações quotidianas que estão ao seu alcance.
Desta forma, nossas famílias cumpririam aquele papel que o bem-aventurado papa João Paulo II, na sua mensagem para o dia mundial da paz de 1994, «Da família, nasce a paz da família humana», assim enunciou: protagonistas da paz e à serviço da não-violência. Ao final desta comovente mensagem, ela fazia este apelo a cada família da terra: «exige esta paz, reza por esta paz, trabalha por esta paz!». Para isto, talvez, os pais precisassem eles mesmos receber uma formação. Por que não sonhar, então, com uma escola de não-violência e paz para pais e mães de famílias? Coloquemos, então, todos estes pensamentos e perspectivas, no coração de nosso Deus. Rezemos assim:
Ó Deus da paz, que enviaste teu filho Jesus para nos ensinar a lei do amor, nós te pedimos por nossas famílias e por todas as famílias do mundo, para que elas possam ensinar a colaboração no lugar da competição; o diálogo no lugar da submissão ou do recurso à violência; a confiança e a partilha ao invés do medo e do isolamento. Assim, pela força do teu Espírito, elas serão comunidades de vida e amor, à serviço da paz para a família humana inteira! Isto te pedimos, por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Na espera amorosa do Espírito Santo, prometido pelo Ressuscitado, recebam meu abraço fraterno,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

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