quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Carta Mensal de Fevereiro


Tournay, 30 de janeiro de 2012.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
No mês passado, convidei vocês a rezar, em comunhão com o Papa Bento XVI, o tema da 45a Jornada Mundial da Paz, “Educar os jovens para a paz e a justiça”. Este mês, e no próximo, penso que poderemos desdobrar este vasto tema, rezando por “espaços de educação para a paz para a juventude”.
Se queremos educar os jovens para a paz e a justiça, é preciso pensar os espaços e meios desta educação. Não podemos cair na tentação, sempre presente, de responsabilizar a própria juventude. Pelo contrário, precisamos fazer uma avaliação profunda de nossa sociedade e de nossa cultura, para viabilizarmos instrumentos de educação para a paz e a justiça para a juventude.
Em primeiro lugar, a própria escola. É hora, mais do que nunca, de pensarmos em uma escola para a paz. Devemos reconhecer que a escola cumpre um papel importante na socialização de crianças e jovens, pois é lá que eles passam uma boa parte do tempo. No entanto, se a escola cumpre várias metas, ela deixa muito a desejar no que diz respeito à uma educação para a paz. Esse tipo de formação é tão importante que não podemos deixar dependendo da boa vontade de alguns, mas deve ser incluído nas políticas de educação. Por que não pensar em uma escola, por exemplo, que ensine crianças e jovens a resolverem conflitos de forma não-violenta? Por que não sonharmos com uma escola que ensine crianças e jovens a lidar e trabalhar sua agressividade, canalizando-a de forma construtiva? Uma escola para a paz será aquela que oferece vivências de paz e de não-violência à seus sujeitos: mais do que nunca é tempo de acreditarmos que se uma escola oferece vivências de paz inesquecíveis, insubstituíveis e inesgotáveis, estas terão uma força de orientação muito grande na vida de crianças e jovens. Mas uma escola para a paz é também aquela que se estrutura de forma não-violenta. Como afirma o pensador francês Jean-Marie Muller, “a educação para a não-violência tem que começar pela não-violência da educação”. Esta escola da paz saberá também relacionar a paz com os saberes que transmite. Ou insistiremos ainda em dizer que a ciência é neutra, quando propomos problemas tipo “um canhão lança uma bala a um alvo à 300 metros, numa velocidade de 60 m/s, quanto tempo levará para atingir seu alvo”?
Também sabemos que a escola tem limites e que ela não é a única instância formativa de nossas crianças e jovens. Por isso, além de políticas públicas de educação formal para a paz, é preciso pensar na  educação para a paz que se realiza de modo informal. Aqui penso no papel dos meios de comunicação, mas também de outras instâncias como clubes, associações, sindicatos. Também a cidade, no seu todo, com seus outdoors e outros equipamentos, mas também na sua maneira de se organizar, enviam mensagens a todos nós no que diz respeito à violência, não-violência e paz, exercendo um verdadeiro papel pedagógico. Isto sem esquecer o que chamamos hoje de “novas tecnologias”, as quais exercem uma influência cada vez mais decisiva sobre crianças e jovens, influenciando suas orientações, valores, critérios de julgamento, etc.
Frente a tantos desafios, convido vocês a rezar assim:
Ó Deus de ternura,tua palavra é de paz: é a paz que tu anuncias, paz para o teu povo e yeus amigos (Cf. Sl 85,9). Nós te pedimos que as crianças e jovens de nosso tempo possam escutar esta tua mensagem e deixar que ela se desenvolva profundamente nas suas consciências. Que todos os espaços de educação da infância e da juventude – escola, meios de comunicação, novas tecnologias, associações etc. – ofereçam “visões de paz”, para que eles possam amadurecer guiados e estruturados por estes valores. Por Cristo, Senhor nosso.


            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

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