quarta-feira, 14 de março de 2012

Carta Mensal - Março de 2012


Tournay, 10 de fevereiro de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Continuemos a aprofundar o tema escolhido pelo Papa Bento XVI para a 45a Jornada Mundial da Paz, “Educar os jovens para a paz e a justiça”. A simples enunciação nos faz colocar a questão: quem educará os jovens para a paz e a justiça? Assim, convido vocês a rezar para que Deus suscite profundos e autênticos “educadores de paz para a juventude”.
O Papa mesmo coloca esta questão no belo texto que escreveu, quando discorre sobre “Os responsáveis da educação”. Eles começa sua reflexão por descrever os educadores, dizendo claramente que “não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe” (n. 2).
O Papa insiste, em primeiro lugar, sobre o papel das famílias na educação para a paz: “esta é a primeira escola onde se educa para a justiça e a paz” (n. 2). E após descrever os diversos obstáculos que as família encontram, sejam de ordem econômica, social, cultural, entre outros, o Papa proclama esta exortação aos pais: “Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas”.
O Papa também se dirige aos responsáveis das instituições com tarefas educativas. A eles o pedido de Bento XVI vai em duas linhas. A primeira, para que a educação respeite e valorize, em todas as circunstâncias, a dignidade de cada pessoa. A segunda, para que a educação seja “lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna”.
Em outros espaços, defini certa vez o educador para a paz por três características. A primeira, na linha de que o Papa dizia acima, é a primazia do vivido sobre o enunciado: o educador para a paz é aquele que é paz, mais do que diz sobre paz, numa unidade entre meios e fins. Afinal, “não existe caminho para a paz, a paz somente é o caminho”, de forma que os fins jamais justificam os meios; pelo contrário, os meios são embriões dos fins e os fins estão embutidos nos meios! A segunda característica é sua capacidade de trabalhar comunitariamente, de fazer ressoar nos outros o entusiasmo pela causa da paz: a construção da paz se apoia sobretudo nos vínculos que criamos uns com os outros. Finalmente, a terceira característica, o educador para a paz é aquele que se insere no grande movimento pela paz, participando ativamente de uma ou mais de suas áreas de atuação: cultura de paz, direitos humanos, resolução de conflitos, desarmamento e segurança humana.
Vislumbrando, então, estes caminhos, convido vocês a rezar assim:
Ó Deus de ternura, teu filho Jesus nos enviou a anunciar a paz para todas as casas (Cf. Lc 10,5). E também nos pediu para suplicar a ti para enviar operários para o teu Reino (Cf. Lc 10,2). Assim nós te pedimos por todos os educadores, sejam pais, sejam profissionais da educação, para que sejam instrumentos de paz junto à juventude. Agindo sem violência, ensinem aos jovens que a violência nada pode construir de estável e, oportunizando vivências de paz, apontem caminhos de construção de uma vida e de uma sociedade de justiça e paz. Por Cristo, Senhor nosso.

            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.