Tournay, 10 de fevereiro de
2011.
Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA
PAZ,
Paz!
Continuemos
a aprofundar o tema escolhido pelo Papa Bento XVI para a 45a Jornada
Mundial da Paz, “Educar os jovens para a paz e a justiça”. A simples enunciação
nos faz colocar a questão: quem educará os jovens para a paz e a justiça?
Assim, convido vocês a rezar para que Deus suscite profundos e autênticos
“educadores de paz para a juventude”.
O
Papa mesmo coloca esta questão no belo texto que escreveu, quando discorre sobre
“Os responsáveis da educação”. Eles começa sua reflexão por descrever os
educadores, dizendo claramente que “não bastam meros
dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas,
ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua
vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o
caminho que propõe” (n. 2).
O Papa insiste, em primeiro lugar, sobre o papel das famílias na
educação para a paz: “esta é a primeira escola onde se educa para a justiça e a
paz” (n. 2). E após descrever os diversos obstáculos que as família encontram,
sejam de ordem econômica, social, cultural, entre outros, o Papa proclama esta
exortação aos pais: “Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o
exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em
Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas”.
O Papa também se dirige aos responsáveis das instituições com tarefas
educativas. A eles o pedido de Bento XVI vai em duas linhas. A primeira, para
que a educação respeite e valorize, em todas as circunstâncias, a dignidade de
cada pessoa. A segunda, para que a educação seja “lugar de abertura ao
transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se
sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a
apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia
após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente
na construção duma sociedade mais humana e fraterna”.
Em outros espaços, defini certa vez o educador para a paz por três
características. A primeira, na linha de que o Papa dizia acima, é a primazia
do vivido sobre o enunciado: o educador para a paz é aquele que é paz, mais do
que diz sobre paz, numa unidade entre meios e fins. Afinal, “não existe caminho
para a paz, a paz somente é o caminho”, de forma que os fins jamais justificam
os meios; pelo contrário, os meios são embriões dos fins e os fins estão
embutidos nos meios! A segunda característica é sua capacidade de trabalhar
comunitariamente, de fazer ressoar nos outros o entusiasmo pela causa da paz: a
construção da paz se apoia sobretudo nos vínculos que criamos uns com os
outros. Finalmente, a terceira característica, o educador para a paz é aquele
que se insere no grande movimento pela paz, participando ativamente de uma ou
mais de suas áreas de atuação: cultura de paz, direitos humanos, resolução de
conflitos, desarmamento e segurança humana.
Vislumbrando,
então, estes caminhos, convido vocês a rezar assim:
Ó Deus de ternura, teu filho Jesus nos enviou a anunciar a paz para
todas as casas (Cf. Lc 10,5). E também nos pediu para suplicar a ti para enviar
operários para o teu Reino (Cf. Lc 10,2). Assim nós te pedimos por todos os
educadores, sejam pais, sejam profissionais da educação, para que sejam
instrumentos de paz junto à juventude. Agindo sem violência, ensinem aos jovens
que a violência nada pode construir de estável e, oportunizando vivências de
paz, apontem caminhos de construção de uma vida e de uma sociedade de justiça e
paz. Por Cristo, Senhor nosso.
Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.