segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Carta Mensal - Novembro de 2012

Tournay, 30 de outubro de 2012.

            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            Um ano se passou desde o 27 de outubro de 2012, quando o Papa Bento XVI reuniu líderes religiosos do mundo inteiro, numa grande jornada de reflexão, de diálogo e de oração para a paz e a justiça no mundo. Relembrando este acontecimento, convido vocês a retomar esta intenção de rezar para que as religiões, todas as religiões, sejam fiéis a esta sua vocação de promover a paz.
Se como toda instituição humana, as religiões também são tocadas pela violência, este fato não nos diz tudo da história das religiões. É necessário reconhecer que as religiões muito contribuíram para o processo de socialização e de humanização. Como alguns nos recordam, elas são o «jardim da cultura da paz» e nos trazem «um capital de valores pacíficos». Mesmo as críticas que fazemos às religiões sobre eventuais falhas, se situam à partir dos valores que elas nos legaram. Faríamos uma caricatura do religioso se esquecêssemos tudo que as religiões fazem pela paz e para transformar a violência do mundo.
Podemos encontrar em todas as tradições religiosas uma série de ensinamentos e práticas não-violentas, que constituem o fundamento de nossa compreensão de justiça e de paz. Primeiramente, elas ensinam a humanidade uma profunda reverência pela vida e o desejo de evitar o mal, quando afirmam « tu não matarás! Tu não farás mal a ninguém !». Elas também nos dizem: « tu não roubarás! Tudo aquilo que queres que os homens te façam, faze tu a eles! », nos propondo assim um ideal de harmonia social e de vida pacífica com nossos semelhantes. Elas nos incitam a viver na veracidade, a falar a verdade e a agir de boa fé, quando nos recordam «tu não mentirás!». Finalmente, elas nos dão um quadro para «respeitar e amar uns aos outros», encorajando-nos ao dom de si e à solidariedade, sobretudo em relação àqueles que mais necessitam.
Este tesouro não-violento das religiões é guardado, como nos lembra São Paulo, em vasos de argila ! (Cf. 2 Co 4,7). As religiões nos recordam nossa ambivalência e ambiguidade, mas também nossas potencialidades e possibilidades, podendo nos mostrar o pior, mas também o melhor da humanidade !
O teólogo suíço Hans Küng nos adverte que não haverá paz no mundo sem paz entre as religiões. O papa João Paulo II, na mesma linha, propunha aos crentes de todos os credos se unirem na construção da paz. Para que isto se concretize, rezemos assim:

            Ó Deus de ternura, tu colocaste no coração da humanidade o desejo profundo da paz e lhes destes todas condições para concretizá-la. Assim, teu nome é glorificado quando a paz e a justiça são promovidas! Concede aos crentes e lideranças de todas as tradições religiosas de permanecerem fiéis a esta vocação pacífica e de trabalharem juntas para que haja paz na terra. A Ti, louvor e glória para sempre!
            Com amizade, 
D. Irineu Rezende Guimarães
monge beneditino, prior da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França

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