sábado, 6 de julho de 2013

Carta Mensal - Julho de 2013


Tournay, 20 de junho de 2013.

A vocês todos em busca da paz,
PAZ!
De 23 a 28 deste mês de julho, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, será realizada a XXVIII Jornada Mundial da Juventude. Jovens de todos os cantos do planeta encontrarão o Papa Francisco e refletirão o lema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). Na ocasião deste importante acontecimento, venho convidar vocês a rezar para que os jovens que participarão deste encontro e os jovens de todo o mundo sejam agentes de uma cultura de paz !
O bem-aventurado Papa João Paulo II afirmou, por ocasião do XVIII Dia Mundial da Paz, em 1° de janeiro de 1985, que “a paz e os jovens caminham juntos”. Dirigindo-se à juventude, ele dizia: “O desafio da paz é grande, mas a recompensa é ainda maior; porque o vosso empenho em favor da paz levar-vos-á a descobrir o que é melhor para vós próprios, ao procurardes aquilo que é melhor para os demais. Estareis a crescer e a paz estará a crescer convosco » (n° 12).
No entanto, para que isto se concretize plenamente, é preciso que as novas gerações sejam formadas para a paz ! O engajamento da juventude com a causa da paz não se dará espontaneamente, mas pelo empenho das gerações que lhes antecedem em educá-las para a paz. O mesmo João Paulo II, na sua primeira mensagem para o Dia Mundial da Paz, em 1° de janeiro de 1979, escolhera como tema “Para alcançar a paz, educar para a paz!”. Nela, ele insistia em três tarefas fundamentais. Primeiro: encher os olhares da juventude com visões de paz, irradiando múltiplos exemplos de paz e demonstrando estima pelas grandes tarefas pacíficas dos dias de hoje. Segundo:  falar uma linguagem de paz, agindo sobre a linguagem para agir sobre o coração e desarmar as ciladas da mesma linguagem. Terceiro: realizar gestos de paz, pois é o pôr em prática a paz que leva à paz. Estes três pontos devem constituir-se em princípios norteadores de todas instituições envolvidas com a formação da juventude, tais como escolas, universidades, famílias, igrejas, meios de comunicação, associações, sindicatos, etc. Se estas instituições não assumirem conscientemente suas responsabilidades como educadoras de paz da juventude, quem o fará? E se a juventude não portar a chama da paz, quem a portará?
Nesta intenção, rezemos a oração oficial desta Jornada Mundial da Juventude:
Ó Pai, enviaste o Teu Filho Eterno para salvar o mundo e escolheste homens e mulheres para que, por Ele, com Ele e n’Ele, proclamassem a Boa-Nova a todas as nações. Concede as graças necessárias para que brilhe no rosto de todos os jovens a alegria de serem, pela força do Espírito, os evangelizadores de que a Igreja precisa no Terceiro Milênio.
Ó Cristo, Redentor da humanidade, Tua imagem de braços abertos no alto do Corcovado acolhe todos os povos. Em Tua oferta pascal, nos conduziste pelo Espírito Santo ao encontro filial com o Pai. Os jovens, que se alimentam da Eucaristia, Te ouvem na Palavra e Te encontram no irmão, necessitam de Tua infinita misericórdia para percorrer os caminhos do mundo como discípulos-missionários da nova evangelização.
Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da Tua Verdade e com o fogo do Teu Amor, envia Tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo. Amém!
Com amizade,
Dom Irineu Rezende Guimarães
Monge beneditino da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França

Carta Mensal - Junho de 2013

                                                                                       Tournay, 30 de maio de 2013.

   A vocês todos em busca da paz,

   PAZ!

   Neste 3 de junho de 2013, abre-se para assinatura e ratificação o Tratado sobre o Comércio de Armas, com o objetivo de adotar normas para regular e instaurar uma maior transparência nas transferências internacionais de armamentos. Desta maneira, ele visa também prevenir e eliminar o comércio ilícito de armas clássicas e impedir o desvio destas mesmas armas.

   Fruto da mobilização de organizações não-governamentais e de vários países, especialmente o Reino-Unido e a França, seu debate durou sete anos. Após uma intensa negociação, o tratado foi aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2 de abril de 2013. A resolução abrindo o tratado à assinatura recebeu 154 votos favoráveis, três contra (Coreia do Norte, Irã e Síria) e 23 abstenções, entre elas a China, o Egito, a Índia, a Indonésia e a Rússia. O tratado entrará em vigor 90 dias apos a quinquagésima ratificação.

   O comércio de armas representa cerca de 80 bilhões de dólares por ano, com um aumento global de 17 % sobre a última década. Seis países (China, Estados Unidos, França, Israel, Reino-Unido e Rússia) representam 90 % das exportações mundiais de armas novas. A ausência de regras e de controle sobre este comércio constitui uma das causas de várias situações de violência armada, tanto de crimes como de conflitos, freqüentemente em condições de pobreza e desigualdade extremas.

   O tratado abrange todo tipo de transferência internacional (importação, exportação e transporte) e toda transação de armas clássicas. Sob este título incluem-se desde armas leves e de pequeno porte, como um revólver ou um rifle, até aviões e navios de guerra, passando por tanques e veículos blindados de combate, mísseis e lançadores de mísseis, helicópteros de combate e sistemas de artilharia de grande calibre. O tratado institui também um regime de controle nacional para regulamentar a exportação de munições utilizadas pelas armas clássicas, bem como de suas peças e componentes.

   O princípio do tratado é que cada país deve avaliar, antes de toda transação, o risco que essas armas, munições ou componentes sejam usados para cometer ou facilitar violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário – como um genocídio, por exemplo –, ou caiam nas mãos de terroristas ou de criminosos. Em todos esses casos, o país exportador deverá não autorizar a transação.

   Neste mês de junho, sustentemos por nossa prece este novo tratado: que ele seja bem acolhido por toda a comunidade internacional, que seja respeitado e se torne um sinal de um tempo de paz para o mundo. Rezemos assim:

   Ó Deus de Paz, fonte de toda boa obra, Tu que diriges o destino das nações e governas o mundo com teu amor, nós colocamos sob teu olhar este novo tratado internacional, que regula o comércio de armas. Que ele ajude a humanidade a frear a violência e a guerra e diminuir o sofrimento de tantos. Que ele contribua para a paz e para a estabilidade mundial, que ele suscite a cooperação, a transparência e a ação responsável entre as nações. E assim, libertos de todo medo e ódio, possamos construir a confiança recíproca entre os povos, deixando-nos conduzir por teu Espírito, signo e força de paz ! Amém !

                                                     Com amizade,

                                     Dom Irineu Rezende Guimarães
                 Monge beneditino da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França