Tournay, 31 de julho de 2013.
A
vocês todos em busca da paz,
PAZ!
Um
dos graves problemas de nosso tempo é este dos refugiados, que não encontrando
mais segurança no lugar em que vivem, são obrigados a deixarem casa, trabalho e
pátria para procurarem um lugar onde seja possível viver.
Segundo
relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados,
em 20 de junho de 2013, Dia Mundial do Refugiado, o número de refugiados
cresceu, atingindo a cifra de 45 milhões de vítimas, sendo 15,4 milhões de
refugiados, 937 mil solicitando asilo e 28,8 milhões de pessoa
obrigadas a mudar de domicilio em seu próprio pais, o que corresponde a um novo refugiado a cada quatro
segundos. Este número, restrito ao ano de 2012 (não incluindo, portanto,
os refugiados sírios de 2013!), é o maior registrado desde 1994, ano do
genocídio em Ruanda e de grave crise nos Balcans, provocada pela dissolução da Iugoslávia.
Este
aumento está relacionado, sobretudo, com a guerra civil na Síria, que, desde
março de 2011, causou a morte de 93 mil pessoas e produziu 3,5 milhões de
sírios refugiados no exterior e mais de 6 milhões deslocados internamente. As
crises no Mali e na República Democrática do Congo também influenciaram, assim
como a instabilidade politica em países como Afeganistão, Iraque, Somália e
Sudão. Mais da metade dos refugiados recenseados provem de países em guerra.
Cerca de 46% dos refugiados são menores de 18 anos, sendo que 21.300,
não-acompanhados ou separados de seus pais, solicitaram asilo.
O
Afeganistão, como nos últimos 32 anos, continua no topo da lista dos países que
geram refugiados (2.865.600 !): em cada quatro refugiados, um é
afegão ; sendo que 95% destes moram no Paquistão ou no Irã. Seguem Somália
(1.136.100), Iraque (746.700) e Síria (471.400). Entre os países que abrigam
refugiados, destacaram-se, em 2012, Paquistão (1,6 milhões), Irã
(868.200), Alemanha (589.700) e Quênia (564.900).
O
drama dos refugiados constitui uma grave ameaça à paz mundial. Já em 1963,
através da encíclica « Pacem in Terris », o Papa João XXIII
denunciava os sistemas políticos que « restringem em demasiado os limites
de uma justa liberdade que permita aos cidadãos respirar um clima
humano » (n° 104). Ele proclamava também que « os refugiados
políticos são pessoas e que se lhes devem reconhecer os direitos de pessoa;
tais direitos não desaparecem com o fato de terem eles perdido a cidadania do
seu país » (n° 105). Ele reconhece como « um direito
inerente à pessoa » a faculdade de se inserir « na
comunidade política, onde espera ser-lhe mais fácil reconstruir um futuro para
si e para a própria família », ao mesmo tempo em que aconselha os governos
a acolher os refugiados e de lhes favorecer a integração na nova sociedade
em que manifestem o propósito de inserir-se (n° 106).
Nesta
intenção, rezemos assim:
Ó
Pai, teu filho Jesus foi refugiado no Egito, para fugir da espada de Herodes.
Da mesma forma que O protegeste, envia teus anjos para proteger os refugiados
do nosso tempo. Sustenta todas as pessoas e instituições que trabalham em prol
desta causa. Ilumina os governos do mundo para que sejam sensíveis ao drama
destes nossos irmãos.Por Cristo, nosso Senhor! Amém!
Com
amizade,
Dom
Irineu Rezende Guimarães
Monge
beneditino da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França
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